terça-feira, 3 de outubro de 2023

Henrique Teixeira de Sampaio (1774-1833)




Henrique Teixeira de Sampaio, num retrato póstumo atribuído a Tony de Bergue)
 (Galeria da Secretaria Geral do Ministério das Finanças)


Henrique Teixeira de Sampaio (Angra, 3 de Outubro de 1774 — Lisboa, 27 de Março de 1833), 1.º senhor de Sampaio, 1.º barão de Teixeira e 1.º conde da Póvoa, foi um grande comerciante, rico capitalista e político português que teve uma fortíssima influência, como principal credor do Estado, na condução da política financeira da última fase do reinado de D. João VI.
Exerceu as funções de Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda entre 1823 e 1825.
Foi o maior acionista do Banco de Lisboa, antecessor do actual Banco de Portugal.


Henrique Teixeira de Sampaio nasceu na então cidade de Angra, ao tempo sede da Capitania Geral dos Açores e principal centro político e administrativo do arquipélago.

Foi filho de Francisco José Teixeira de Sampaio, um comerciante com traços de aventureiro, possivelmente capitão de navios, que vindo de Lamego se fixara na cidade de Angra em 1766, por coincidência o ano da criação da Capitania Geral, e da sua segunda esposa, Eulália Floriana Gualberta de Melo Carvão, uma senhora ligada às melhores famílias tradicionais da Ilha Terceira.

Nascido na casa dos seus pais, na freguesia da Sé, foi baptizado a 16 de Novembro na capela do Palácio dos Capitães Generais, tendo como padrinho Henrique José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e filho do então todo poderoso Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal. O padrinho foi representado no ato referido capitão-general D. Antão de Almada, o que mostra a influência que seu pai já conquistara na vida política e social da cidade.

O seu pai enriquecera no comércio com a Inglaterra e com o fornecimento de géneros alimentares à Marinha de Guerra, não sendo de estranhar, que fosse enviado para Londres com o objetivo de aí estudar num colégio interno. Foi nessa cidade que iniciou a sua carreira comercial, ingressando, na senda do seu pai, no negócio dos fornecimentos alimentares às forças armadas portuguesas. Em 1807 foi escolhido para comissário dos fornecimentos do exército anglo-luso envolvido na resistência contra as invasões napoleónicas de Portugal.

1816-01-23 - Carta Pré-filatélica, com porte de 40 réis, expedida
do Porto para Lisboa, endereçada a H. T. Sampaio.
Os fornecimentos aos militares e um rendoso contrato de arrematação do exclusivo da venda de tabacos permitiram-lhe em muito pouco tempo arrecadar uma prodigiosa fortuna. Em poucos anos era um dos homens mais ricos de Portugal, se não o mais rico, acumulando bens que à data do seu falecimento, com 59 anos de idade, ultrapassavam os 21 000 000 de cruzados, uma fortuna prodigiosa ao tempo.



Acumulando uma tão grande fortuna, Henrique Teixeira de Sampaio tornou-se numa das figuras mais proeminentes da vida social e política do seu tempo, adquirindo grande influência na condução da política financeira de Portugal, particularmente quando os seus empréstimos ao erário público o transformaram no principal credor do Estado, que chegou a contrair empréstimos especificamente para amortizar dívidas de que ele era credor.

1910 - D. Manuel II - Moeda de 1.000 réis comemorativa
do Centenário da Guerra Peninsular.
Terminada a Guerra Peninsular e consolidada a sua fortuna, iniciou uma caminhada de ascensão social que passou pela obtenção da comenda da Ordem de Cristo, da lotação de 30 000 réis, e do título de 1.º senhor de Sampaio, horárias que lhe foram conferidas por decretos de 22 de Maio de 1816, outorgados no Rio de Janeiro pelo rei D. D. João VI. O decreto de concessão da comenda, refere especificamente o zelo com que o sobredito comerciante da Praça de Lisboa se empregou durante a guerra felizmente terminada prestando-se prontamente a todas as transacções comerciais que puderam contribuir a benefício da Minha Real Fazenda e em utilidade do meu exército, e bem assim o que foi necessário para a conclusão do resgate dos cativos em Argel em cujo importante objecto deu as maiores provas do seu préstimo, e patriotismo…

Bloco comemorativo dos 200 anos da Guerra Peninsular (1810-2010)

Por esta altura a sua casa de comércio era a maior de Lisboa, apenas tendo rival nas grandes empresas mercantis de Inglaterra, Holanda e Hamburgo. Como ao mesmo tempo que a sua fortuna aumentava a situação financeira do Estado piorava, tornou-se no maior credor do erário público, financiando parte importante dos empréstimos que a Real Fazenda se via obrigada a lançar.


Quando em 1822 se fundou o Banco de Lisboa, antecessor do actual Banco de Portugal, Henrique Teixeira de Sampaio foi o seu maior accionista, com 400 ações.

A 21 de Junho de 1823,Henrique Teixeira de Sampaio, então 1.º barão de Teixeira e principal credor do Estado,  foi convidado para exercer as funções de Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, tendo exercido o cargo até 15 de Janeiro de 1825.




Carta de Londres (08.08.1815), de Richard Power & Cº, endereçada a Henrique Teixeira Sampayo, comerciante e banqueiro em Lisboa, onde foi recebida a 26.08.1815. Carimbo circular London Foreign Branch , aplicado no verso. Porte de 2sh/6d pago na origem, e de 280 réis à chegada a Lisboa. Correio Marítimo.
 
Poucos dias depois, em reconhecimento dos seus méritos e múltiplos serviços na minoração das dificuldades financeiras do Estado, que então lhe devia mais de 2 milhões de cruzados, por decreto de 3 de Julho de 1823 é feito 1.º conde da Póvoa, por duas vidas. 




Candelabros decorados em baixo relevo com figuras míticas,

 folhas e cachos de uva e o brasão da família Teixeira de Sampaio,
 têm uma altura de 72,7 centímetros e pesam em conjunto 34,272 quilogramas.

















Henrique Teixeira de Sampaio, agora o Conde da Póvoa, estava instalado num palacete em Lisboa, recheado com o que de mais belo e luxuoso então existia, incluindo uma baixela de prata feita em Londres que só tinha rival na baixela da Casa Real. Ao tempo tinha apenas um filho natural, chamado Henrique Teixeira de Sampaio, que nascera em 1820 e que havia reconhecido e cuja educação pagava, encarregando uma sua irmã de exercer as funções de tutora.

Henrique Teixeira de Sampaio faleceu na sua casa da Rua da Escola Politécnica, em Lisboa, a 27 de Março de 1833, com 59 anos de idade, deixando como herdeiro da sua fortuna o seu filho João Maria de Noronha Sampaio, então com 6 anos.

In: Wikipédia (texto parcial)



FORJAZ, Jorge - OS TEIXEIRA DE SAMPAIO DA ILHA TERCEIRA. Porto, Centro de Estudos de Genealogia, Heráldica e História da Família da Universidade Moderna do Porto, 2001. In-4.º (24,5 cm) de 602, [2] p. ; [1] f. desdob. ; il. ; B.
1.ª edição.
Obra de fôlego sobre os Teixeira de Sampaio, família ilustre da Ilha Terceira, Açores, com origem em Chaves, Trás-os-Montes.
Trabalho galardoado com o Prémio 3.º Marquês de São Payo (História Genealógica), impresso em papel de superior qualidade, por certo com tiragem reduzida.
Livro ilustrado no texto com retratos individuais e em grupo, e em separado com um desdobrável genealógico: Os Teixeira de Sampaio dos Açores. As malhas de uma fulgurante ascensão social.
"Um trabalho desta natureza deverá tentar alcançar sempre dois objectivos - o de ser cientificamente correcto e o de fornecer aos eventuais leitores - que não serão sempre, e necessariamente, especialistas na matéria - uma boa fonte de informação, respondendo às suas questões e facilitando-lhes o acesso a fontes que normalmente não compulsam, ou que, mesmo, desconhecem.
É lugar comum afirmar-se que uma boa genealogia, a mais correcta e a mais indiscutível, é a que se baseia em registos paroquiais, ou seja, na mais clara e objectiva fonte de informação. [...]
No caso em apreço, em que me permito recuar a genealogia até à Alta Idade Média, é evidente que vou muito para além dos registos paroquiais. Diga-se, de passagem, que o estudo que aqui se apresenta não foi fácil, mesmo com recurso a paroquiais, pela errância permanente desta família que, ao longo de séculos foi mudando consecutivamente de lugar de residência - de Chaves a Carrazedo, daqui ao Porto e depois a Lisboa, até se fixar nos Açores, donde regressará depois a Lisboa e daí espalhando-se por todo o país e até mesmo pelo estrangeiro."
(Excerto do preâmbulo - A abrir)
Jorge Forjaz (n. 1944). "Nasceu em Angra do Heroísmo em 1944. Licenciado em História U.P., assessor principal da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo. Diretor Regional dos Assuntos Culturais dos Açores (1976-1984), diretor do Museu de Angra (1984-1988), secretário-geral do Festival Internacional de Música de Macau (1989-1991), conselheiro cultural junto da Embaixada de Portugal em Rabat e diretor do Centro Cultural Português nessa cidade (2003-2006). Sócio do Instituto Açoriano de Cultura; sócio efetivo do Instituto Histórico da Ilha Terceira; sócio de mérito da Academia Portuguesa da História, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, diretor da revista Atlântida (1978-1984), etc., etc."
(Fonte: http://www.ingesc.org.br/2018/02/conferencia-de-genealogia-em-florianopolis-dia-24-de-fevereiro-de-2018/)
Exemplar em brochura, bem conservado. Rubrica de posse na f. rosto.

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